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quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Falar sobre o não existir

Cada um têm um limite, uma dificuldade. A minha é lidar com a morte.
Talvez ela seja um mistério por não falarmos sobre isso naturalmente.
Desde a infância, mais do que o sexo, a morte é um tabu. Em meio as superstições dos adultos, uma delas era: desvirar o chinelo, senão a mãe morre.
O fato de imaginar que minha mãe morreria já me gerava uma tristeeeeza.
Ter um corpo inerte, sem vida, sem expectativa de levantar, é algo que não me deixa confortável.
Olhar para alguém que nunca mais terá amanhã nessa terra, me deixa inquieta. Deve ser porque, de repente, há uma certeza indiscutível de que isso será o fim de todos nós. Cedo ou tarde, um dia será a minha vez também (espero que seja tarde rs).
O não existir é quase inimaginável.
Uma das coisas que mais me assusta na morte é saber que, não importa por onde andar, nunca mais será possível ver a pessoa (exceto pelos olhos espirituais, aos quais eu creio). Apaga-se o cheiro, não haverá mais o cheiro da comida no ar. Tudo que haverá será lembrança que, com o tempo, se perderá e ficará guardada em algum lugar no universo chamado Eu.
A morte é poderosa, finaliza historias, sonhos, esperança. Então, prefiro acreditar que quando o corpo finaliza suas funções vitais o espirito vive em algum lugar que de vez em quando pode até nos visitar; deixar um pouquinho de sua energia e diminuir a saudade aquecendo o coração, deixando uma pontinha de vida.
A despedida têm várias formas de ser e entre todas elas quisera ter a sorte de ser numa cama quentinha, na velhice, depois de comer a comida predileta e me despedir de todas as pessoas queridas do meu coração.
Enquanto a velhice (bem velhice) não chega, vivo cada dia com intensidade com uma paixão interminável por essa tal de vida que está em todos os meus poros.

Por: Renata

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