Daí hoje foi aprovada de novo a
PEC que limita os gastos públicos. Na prática, a “economia” que tenta devolver
nós pobres pro lugar de onde eles acham que nunca deveríamos ter saído. Nós que
nos atrevemos a fazer faculdade. Nós que não estávamos mais nos sujeitando ao
lugar que nos era reservado desde sempre: as casas dos patrões lavando,
passando, cozinhando. Como assim o filho da empregada ousou ser doutor? Como
assim a dona de casa teve a petulância de cursar engenharia civil? Como assim a
“favelada” entendeu que podia ser dentista? A partir de hoje, tudo caminhará
pra que essa gente não saia do lugar social que lhes foi destinado. Que falte
educação, que falte saúde, que falte condições.
Sim. Dá medo. Dá medo pelo meu
filho que estuda em escola pública. Pelos meus enteados que usam a saúde
pública, já que os convênios só concedem cobertura para quem tiver a guarda das
pessoas...
Mas sabem? Apesar de tudo...
Eles não conhecem o poder da
nossa resiliência, perseverança e resistência. Essas serão as chaves de 2017
que começa. Parte de nós se alimentou a infância toda de arroz com feijão, (ou
só um desses dois, quando só tinha um), com água de sobremesa. Parte de nós se
alimentou com polenta com couve, era o que tinha. Nossos brinquedos eram todos
inventados com tudo que se achava. Cinco pedrinhas, que passávamos horas
jogando pra cima e treinando habilidades motoras. Pauzinhos pra cavar a terra e
achar tesouros...
Nós resistimos. Nós sobrevivemos.
E podem morrer de raiva. Nós vamos continuar encontrando brechas pra crescer e
buscar a liberdade. E ensinaremos nossos filhos a arte de sobreviver. Apesar de
vocês.
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